sábado, 26 de março de 2011

A nenina silenciosa



A menina silenciosa


O barulho ensurdecedor da chuva sobre o telhado chega a assustar com a intensidade e o volume de água caindo em um tão pequeno espaço de tempo. O barulho do vento impressiona fazendo da grande copa da árvore uma expressão de liberdade, como se ela estivesse correndo contra o vento e apreciando a delicia sensorial das gotas geladas da chuva de verão, numa atitude de carinho a chuva aumenta a intensidade de suas gotas fazendo de toda aquela cena natural da vida uma festa com riscos de relâmpagos entre as nuvens escuras, enquanto o som compassado e assustador dos trovões podem ser escutados por pessoas muito distantes.

Tão grande volume de barulho causado pela fúria da natureza faz o mundo silenciar para tentar entendê-la, chegando ao ponto de não ouvirmos uma palavra, nem risos, apenas silêncio focados na expressão natural do vento, da chuva, do clarão assustador dos relâmpagos e a aflição que arrepia quando a voz da natureza faz o mundo tremer com o poder do som de seus trovões.

Apenas o olhar dela focado na chuva domina sua razão mesmo quase perdendo a grande árvore de vista em tamanha tempestade, mas nem tudo nela é silêncio, pois como um intruso na cena o som do seu coração passa a fazer parte daquela harmonia e no contexto de tantas águas o que a natureza estaria sentindo para tanta fúria.

Curiosamente seu coração bate tão forte quanto a força torrente das águas sobre o mundo, talvez seja uma manifestação da natureza contra o amor do homem, que desvirtuado perdeu o poder de visão desvalorizando seu próprio espaço. Chegou a hora da união que parece fazer confusão para aqueles que estão vivendo, convivendo, observando e não entendendo aquele momento de união e o que está acontecendo.

Repentinamente a chuva para e a natureza faz silêncio, sem chuva, sem vento, porém o coração da menina continua batendo cada vez mais forte, mesmo a natureza poderosa silenciou-se para escutar as batidas fortes e pulsantes do amor silencioso da menina, que permanecia quietinha observando da janela da vida enquanto uma pequena lágrima de amor rolava em seu rosto espantado e lindo.

O silêncio foi quebrado pela lágrima de amor e a natureza se manifestou lançando pequenas pedras de granizo. Começou lentamente uma a uma e gradativamente foi aumentando seu volume, penso que a união da natureza e da menina tenha feito com que a natureza também sentisse a dor do amor e deixasse escapar em pequenas gotas de gelo.

A natureza não conseguiu manter o silêncio em suas lágrimas e fez um barulho enorme sobre os telhados inundando tudo com suas gotas geladas, aquela chuva torrencial de granizo não parecia ter fim e só parou quando a menina silenciosa colocou uma das pedrinhas de gelo na boca se unindo à natureza e oferecendo seu amor à vida.
A menina caminhava silenciosa sobre a rua coberta de pedrinhas de gelo, caminhava amando silenciosamente, um jeito silencioso de caminhar entre as pessoas e foi necessário se unir à menina para que a natureza entendesse o seu jeito silencioso de amar.

Um mundo silencioso, no qual muitos se unem para amar e lá está ela com seu jeitinho especial, uma menina especial e linda com sua fórmula de amor incompreendida por muitos, mas plenamente entendida e correspondida por quem compartilha seu carinho e seu amor.

Esse é o jeitinho dela amar. Como será o seu jeito de amar?

ZzipperR
Paulo Ribeiro de Alvarenga