quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Meu jeito silencioso de pensar


Meu jeito silencioso de pensar

As palavras às vezes nos surpreendem, pois muitas vezes chegam silenciosas trazendo gritos do coração e da alma transmitidos pelo olhar. Palavras transmitidas pelos pensamentos e traduzidas pela intuição. Muitos desses gritos calados estão emudecidos pelas amarras do amor. O amor que parece uma estrada infinita sem começo e sem fim mantendo-nos aprisionados eternamente sem encontrar a saída.

Somos uma escultura em obra permanente, onde são lapidados nossos detalhes e mudado nossas formas, desta maneira nos tornamos obras lindas que nunca ficarão prontas, já que somos detalhados por mãos humanas que nem sempre sabem o que realmente querem.

Nas mãos e no coração dessas pessoas é que esta a força e o poder do amor, que no momento ápice do prazer lança uma chuva de sementes dando origem à vida, que cresce brota e aflora seus desejos se misturando e se espalhando pelo mundo no exato momento em que anjos se amando deixam de ser anjos e passam a ser pecadores.

Não é difícil encontrar um apaixonado perdido no mundo da lua confuso em seus próprios sonhos, uma vez que eles já o envolveram e o consumiram em desejos deixando apenas um ponto no escuro da intuição, onde cada pensamento é uma estrelinha riscando o céu da inspiração, da vontade e da emoção.

As lágrimas ocultas escondidas na noite viraram segredos do coração, fortalecendo o labirinto do orgulho que é o grande inimigo do amor e capaz de confundir as decisões. Será que as dúvidas dessa noite vão passar? Não! Porque a resposta sempre será a mesma: A culpa é toda do outro.

Deve haver um jeito de viver e ser feliz nos extremos da vida, onde somos envenenados por um veneno de cor vermelha que vem de um frasco em constante movimento situado no peito, onde a dose é aplicada com beijos anestesiantes e no momento da paixão louca a picada da serpente, uma picada penetrante na carne que acerta o coração inocente anestesiado por beijos venenosos, que faz o corpo tremer ardendo em febre de loucura e paixão.

Às vezes o amor fica petrificado na alma, por uma decepção amorosa e mal resolvida que não consegue ser diluída pela corrente sanguinea. Como encontrar a cura? Estaria a cura no próprio amor em doses cavalares de carinho e beijos de montão. Enfim! Não sei se somos nós que não entendemos o amor ou é ele que não nos entende.

Ficamos apaixonados um pelo outro, nosso coração pulsa lançando o sangue quente pelo corpo como raios solares ardentes que fazem suar de desejo, queimando a pele, estampando o olhar e o sorriso iluminados por uma doença sem cura chamada amor, mesmo porque ainda não inventaram a cura para a paixão e para aliviar a angústia e a dor só fazendo amor.

Tudo está registrado no DNA dos nossos sonhos, neles estão nossos anseios, vontades e desejos. É sonhando que choramos, brincamos, fazemos mágicas e amamos. Sonhando, brilhamos felizes em mágicas de desejos, onde saboreamos esperanças de que um amor gostoso nunca vai acabar ou alimentamos expectativas de que um grande amor realmente acontecerá.

Entre a pizza e o hambúrguer fico confuso, talvez por estar em posição de uma página toda rabiscada de uma vida difícil de entender, uma vez que as lagartas lançadas ao vento por palavras vindas como borboletas bonitas se apoderam do meu cérebro me deixando sem raciocínio, fazendo minha cabeça oca virar um circulo vazio, uma bola coberta de cabelos que olha o mundo afora e percebe que está perdido, pois um dia se apaixonou.

ZzipperR
Paulo Ribeiro de Alvarenga

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Cata-vento




Cata-vento

Tudo começou em um enorme e velho cata-vento construído no topo de uma montanha, o qual todos diziam ser abandonado. Ninguém sabia dizer se aquele fantasma gigante com suas grandes pás girando era uma maldição e até evitavam fazer perguntas por medo ou receio de sofrer algum mal, fato é que daquele grande cata-vento velho saía todos os dias uma garota com seu vestidinho rosa correndo a brincar e descia até a cidade para vender pequenos cata-ventos coloridos.

Havia alguma habilidade secreta de transformação ágil e repentina naquela colina viva. Uma capacidade incompreensível pela competência humana capaz de uma reflexão contagiante em um simples olhar. Será que a maldição estaria no velho cata-vento ou na mata que o rodeava?

A menina rosa chega à cidade acenando com o suave soprar do vento, trocando pensamentos em silêncio com a sabedoria de um velho cata-vento, girando com seu vestido rosa e respondendo com um leve sopro quente, ardente e inteligente.

Fixo meu olhar e a minha atenção na menina de vestido rosado, mantendo escondida minha curiosidade num sorriso estampado, imaginando qual seria a maldição trazida por ela naqueles olhos dourados, me entregando a ela e me sentindo amarrado, dominado. Lentamente me aproximo dela permanecendo quieto ao seu lado, reparando num pequeno cata-vento que deixa os seus cabelos longos e negros discretamente enfeitados.

Palavras entre nós não existiam, apenas a troca de olhares e a brisa silenciosa do vento lançando gotas geladas por um céu cinzento e no momento em que estava quase escurecendo, o vento aumentou sua intensidade trazendo uma onda de frio que arrepiava, aquela brisa gelada parecia um sinal chamando a menina rosada, que pegou rapidamente os cata-ventos e saiu correndo por uma trilha aparentemente abandonada, atravessando a mata e subindo a montanha.

Mesmo não sabendo seu nome tentei chamá-la, porém não consegui sua atenção e apenas a vi correndo pela trilha que cortava a mata, o contraste do seu vestidinho rosa embelezava a mata como se fosse uma linda flor levada pelo vento num vôo montanha acima.

No alto da montanha escurecida pela queda da noite o grande e velho cata-vento girava lentamente como se estivesse cansado pelo tempo, em cada giro parecia estar chamando sua estrelinha encantada, que no escuro da noite brilhava correndo como uma estrela cadente no meio da mata.

Notem o que aconteceu comigo! O vento frio trazia uma garoa gelada molhando meus cabelos, escorrendo pelo meu rosto e atrapalhando minha visão, aquela maldição se apossou do meu coração, da minha alma, dos meus sentimentos, das minhas vontades e do meu querer me deixando atrapalhado.

Na montanha escura eu via o vulto do grande cata-vento, como se fosse um monstro faminto se alimentando do vento e mantendo no topo de sua cabeça a menina de vestido rosado prisioneira, que num pedido de socorro emitia um foco de luz brilhante em minha direção com um poderoso poder de atração.

A trilha escura parecia assustadora, mesmo assim decidi me arriscar e logo encontrei as pegadas da garota para me orientar, ela deixou cata-ventos de todos os tamanhos decorando a mata que girando me informavam o sentido a seguir.

Cheguei ao pico da montanha e encontrei o grande cata-vento gigante, que frente a frente não parecia tão assustador, mas com o movimento de suas pás ao vento ecoava um som amedrontador assim: Rrruuuuuuááác... Rrruuuuuááác... Rrruuuuuááác... Ao pé do grande cata-vento havia um enorme jardim de pequenos cata-ventos coloridos, todos girando em sintonia.

Toda aquela beleza me deixou fascinado, já que era um espaço surreal muito além do meu imaginário e no momento em que eu apreciava aquela arte tão bela alguém chegou por trás de mim e tapou meus olhos dizendo: - Vamos brincar de esconde-esconde! Conte até vinte depois pode virar.

O toque das suas mãos macias e a sua voz pertinho do meu ouvido me deixou feliz, então resolvi brincar e comecei a contar, depois fui procurá-la. Não havia onde se esconder naquele local, então eu subi no grande cata-vento para olhar do alto, de lá o campo de visão é muito maior e quando eu estava no topo, olhando aquele grande jardim de cata-ventos girando me distrai com uma forte emoção de liberdade, até levei um susto quando meus olhos foram tapados novamente e ela falou: - Você não conseguiu me encontrar, conte até vinte e tente de novo.

Contei e ela sumiu, então resolvi procurá-la naquele imenso jardim de cata-ventos. Eu caminhava e eles pareciam girar para mim, um mais lindo que o outro, tão lindos que pareciam vivos e no momento em que eu me distraí olhando um pequenino cata-vento rosa girando, ela tapou meus olhos novamente, mas desta vez eu não a deixei falar, segurei a sua mão e virei repentinamente fixando meu olhar em seus olhos, nesse erro fatal fui amaldiçoado.

Parecia haver dois cata-ventos girando em seus olhos cor de mel que me atraiam como uma serpente. Eu tentava olhar seus lindos cabelos e era atraído pela hipnose do olhar, tentava olhar sua boca rosada e sedutora, mas era levado novamente para o labirinto do olhar dela, até perder as forças e me entregar numa sensação de estar sendo desligado do mundo.

A menina do cata-vento me levou para longe e nos pensamentos distantes me entregou um cata-vento de fogo que queimou a minha mão atingindo o meu coração, meu sangue começou a ferver deixando minha pele rosada, dos meus olhos surgiam labaredas de paixão e foi beijá-la para meu corpo incendiar queimando no fogo ardente do amor quente. Para aliviar tanto calor só fazendo amor...amar...amar...amar... Depois adormeci.

Amanheceu e com a chegada do sol voltei à vida, mas a menina rosada não estava mais lá, havia apenas o grande jardim de pequenos cata-ventos girando, então resolvi voltar para a cidade e ao chegar encontrei a menina vendendo seus pequenos cata-ventos. Comprei um e ela falou sorrindo: - Agora você me encontrou!

Peguei o cata-vento na mão e sai andando com ele girando, logo percebi que ele queimava em minha mão, era a magia dela invadindo o meu coração e pedindo para eu ficar em seu mundo. O tempo girou, girou, girou e agora eu a ajudo a cuidar daquele lindo e imenso jardim de cata-ventos coloridos. Nós vivemos sonhando no nosso mundo colorido, onde tudo gira feliz.


ZzipperR
Paulo Ribeiro de Alvarenga

domingo, 18 de setembro de 2011

Viver ou sonhar?




Viver ou sonhar?

Nessa caminhada da vida, um dia após o outro, seguimos em passos lentos e nesses passos encontramos tantas contradições da vida, que levam o meu pensamento para vários rumos confrontando passado e futuro.

Lembro da minha infância, época de criança, olhando as meninas brincando de roda e cantando. O tempo passou e ainda continuo vendo-as naquele mesmo lugar como um filme que não se apagou e fica repetindo constantemente na minha mente, como se fosse hoje, mas não é...

Hoje estou no mundo dos adultos e não vejo mais aquelas brincadeiras doces, aquela felicidade delas cantando com pureza rodando, rodando e rodando juntas. Passou...

Crescemos e nos tornamos um bando de imbecis, isso mesmo, pensando ser sempre o mais esperto, se isolando em nossas próprias teorias, se afogando em idéias e nos esquecendo de dar as mãos. O resultado de tudo isso é cair num labirinto e viver na solidão. Hoje, as pessoas não querem mais contatos conversando apenas o indispensável, atitude que leva vizinho a não conhecer vizinho.
Se as pessoas não conhecem nem a si mesmas, como poderão conhecer seus vizinhos. Se elas não se conhecem hoje, como vão se lembrar do passado. Se lembram do passado, é como se não fossem elas mesmas, é como se fossem outras pessoas que não fizeram parte da vida delas.

Dizem que viver é melhor que sonhar. O que seria viver? Como poderíamos realmente ter a certeza de que estamos vivos?

Penso que sonhamos a vida que queremos viver e vivemos a vida que não sonhamos. A vida está sempre em desacordo.

Não sei se sou eu que vivo assim, procurando o que não acho, mas como eu poderia achar, se não sei o que estou procurando. A felicidade! Cadê ela? Quero pegá-la, senti-la, nas mãos, no coração e na alma.

Estou falando, mas não sei se estou desabafando, pois esse desacordo pode ser um problema local, individual, coisa pessoal que atinge apenas um personagem, esse que está expondo um flash do seu filme...

Talvez você nem passe por isso, pois tem uma vida dominada, vivendo todos os seus sonhos. Eu fico feliz de saber que você é uma pessoa realizada, você com certeza tem uma vida perfeita, pois consegue viver todos os seus sonhos. Meus parabéns!

Mas eu não! Eu sou um sonhador e vivo em desacordo, eu vivo na contramão dos meus sonhos, assim vivo vagando num outro mundo, tentando viver a realidade do meu sonho. O sonho é difícil de explicar, mas sei que existe.

Tempo, tempo, tempo, tempo, seu ditador implacável, uma pedra muito pesada no meu caminho, que não me deixa sonhar, quando estou sonhando me deixa sem tempo. Por que faz isso comigo? Eu quero sonhar, mas não tenho tempo.

Agora que estou com um pouco de tempo, peço licença, porque eu quero sonhar e tentar ver o reflexo dos seus olhos e o brilho do seu sorriso no meu sonho. Vou deixar vocês, pois eu tenho que deixar de viver e agora estou com muita vontade de sonhar.

Uma vez um grande pensador chamado ZzipperR falou: “A vida é um sonho e quando acordamos, já estamos do outro lado” Palavras de um louco que não sabe o que fala.


Zip..Zip...Zip...ZzipperR.
Paulo Ribeiro de Alvarenga

domingo, 4 de setembro de 2011

A vitrine da vida




A vitrine da vida


Olhando para uma vitrine viva em uma loja, fiquei um bom tempo admirando e observando aquele manequim humano me olhando. No primeiro momento, ao chegar, eu tinha certeza de que eu era o observador, mas à medida que o tempo passava a dúvida começava a tomar conta de mim, a maneira como eu era observado me colocava como se eu estivesse na vitrine, exposto para todos a todo o momento.

Em um momento de meditação, conclui que na vida tudo é uma exposição, com isso tudo adquire o seu valor em relação ao espaço em que está situado. Um objeto pode não valer nada ou valer muito, dependendo de onde está ou quem está em sua volta, expondo-o ou observando-o.

Assim somos nós, nossos valores estão totalmente vinculados ao que o outro valoriza, não só os bens materiais, mas também valores pessoais ou sociais. Os olhos dos outros é que determinam nossa inclusão ou não em certa faixa social, ou seja, o que eles vêm é o que somos. Assim, para uns somos caros, para outros somos baratos, bonitos ou feios e por fim acabamos entre os incluídos ou excluídos da sociedade.

Pense como se as pessoas que estão à sua volta estivessem te olhando, você em meio a muitos olhos, todos te observando com toda liberdade de pensar e imaginar o seu papel naquele espaço natural da vida. Todos fazemos o mesmo papel. Funciona como se todos carregassem um espelho e por eles enxergássemos nossos detalhes, não só externos como também internos, é a realidade expondo o que somos, se somos bonitos, fortes ou fracos, pré-valorizados e auto valorizados. Este é um momento muito delicado da vida, nem todos suportam a pressão da sociedade, aqueles que não suportam são descartados e eliminados pela marginalização social.
Olhe para este espelho. Você reconhece este rosto?

É melhor você conhecer, se não conhecer, com certeza desconhece seu papel no mundo. E olha que este mundo tem muitos reflexos que podem brilhar ou ofuscar, quanto melhor você enxergar seus reflexos, maiores serão suas oportunidades de reconhecer seus valores e encontrar a felicidade.
Às vezes, quando estamos ali, no meio de todos, sentimos uma coisa estranha, um vazio inexplicável, pois, mesmo rodeado de espelhos com tanta gente em nossa volta, vemos que cada espelho reflete uma imagem diferente. Em alguns a imagem brilha e em outros ela fica apagada, com pouca imagem e pouco reflexo, uma pessoa sem imagem está deixando de existir, é um personagem num espaço inútil, vazio.

A iluminação muda a todo o momento. No cenário tudo muda de posição naturalmente e nós que também fazemos parte desta vitrine natural, mostramos nosso trabalho olhando, falando, pensando, agindo e até dormindo num espaço onde ensinamos e aprendemos com tudo que nos circula. A vitrine é composta de detalhes e nós fazemos parte desta composição, o que torna impossível enxergarmos o que somos, sem o reflexo do julgamento dos olhos alheios. Somos o que eles enxergam e valorizam, por isso damos tanto valor ao julgamento alheio e no julgamento exigente da vida concluímos detalhes que jamais seriamos capazes de concluirmos sozinhos, eles é que decidem se somos jovens ou se já estamos velhos.

Não quero mais ser vitrine da vida! Mesmo assim continuo sendo, onde estiver, mesmo estando sozinho, pois sempre estarei sendo avaliado por alguém. Já que não tem como sair desta vitrine o melhor que temos a fazer é aproveitá-la da melhor maneira possível, aceitando nossos defeitos e procurando refletir com muito brilho nossas virtudes, para que todos que nos rodeiam queiram sempre olhar para nossa vitrine e até fazer parte dela, no mesmo cenário natural da vida.
Como é a sua vitrine neste momento? Como é o cenário? Como você está exposto? Agora se prepare. Que você vai começar a ser avaliado.


Zip...Zip...Zip...ZzipperR.
Paulo Ribeiro de Alvarenga

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O ponto vácuo da mente



O ponto vácuo da mente

Há momentos em que fleches de vácuo
Atingem nossas mentes;
Fazendo delas canteiros para espalhar sementes
Do bem ou do mal nos amarrando com correntes.

Devemos administrar bem esse espaço
Pois ele não pode dominar nosso presente;
A mente preguiçosa pode ser atacada
Desenvolvendo monstros perigosos do inconsciente.

O vácuo crescente nos encaixota
Lacra, amarra e aperta como uma serpente;
O que fazer?
Se nossa capacidade de decidir está ausente.

O vácuo invasor das mentes vazias
À medida que cresce deixa a reflexão impotente;
Tanto vácuo deixa a mente deficiente
E a sociedade é a culpada, pois deixou a educação ausente.

Meu Deus! O que aconteceu com a minha mente
Será que ela entrou em pane e está dormente;
Encurralado, imponente e impotente
Tornei-me uma pessoa carente.

Zzipperr
Paulo Ribeiro de Alvarenga