sábado, 6 de agosto de 2011

O mistério do arco-íris




O mistério do arco-íris

Parece uma lenda, mas não é! Mesmo tendo acontecido no meio de uma mata fechada, onde uma gigantesca cachoeira exigiria movimentos da cabeça de seus admiradores para enxergar o início visual da quedas de suas águas.

A mata selvagem se esforçava ao máximo com seus galhos e cipós trançados para evitar a entrada de intrusos, porém um dia suas defesas foram violadas, foi quando pela primeira vez uma garota usando um vestidinho estampado com lindas flores de pétalas gateadas pisou em suas pedras se envolvendo com os segredos ocultos da cachoeira, os quais permanecem guardados junto à história do grande arco-íris.

Num amanhecer quente de uma manhã de verão a grande cachoeira ecoava uma canção eterna de amor lançando suas águas sobre as pedras. Ela tentava jogar suas águas o mais longe possível e nessa tentativa via suas águas se perderem formando uma neblina levada pelos braços do vento, que num sereno cristalizado umidificava as folhagens, saciando a sede e dando vida à mata nativa.

A grande cachoeira percebe a garota de cabelos longos e negros chegando como uma índia selvagem para invadir suas águas. A menina de olhos castanhos caminha pelas pedras até chegar ao pé da cachoeira. Com os braços erguidos para o céu ela fecha os olhos permanecendo imóvel e parada, apenas sentindo seus cabelos serem molhados e a água gostosa escorrendo pela sua pele morena molhando o seu vestido florido que passa a grudar nos relevos do seu corpo.

Toda molhada! Ela grita palavras de amor à natureza agradecendo pela sua esplendorosa beleza. O eco dos seus gritos, por mais alto que seja! Não conseguem ultrapassar os limites da natureza e são consumidos pela mata selvagem, ocultando do mundo os segredos do arco-íris.

A menina poesia olha em sua volta e vê a cachoeira jogar águas sobre a pedra que ela está. Formando um lindo arco-íris à sua volta. Não tendo como se defender ela viu suas cores se misturarem às do arco-íris, que desafiado lança ao mundo o mágico das cores.

As águas são lançadas violentamente sobre as pedras fazendo um barulho ensurdecedor, essa queda furiosa das águas chocando sobre as pedras dão origem a um gigantesco arco-íris. Nele surge o mágico das cores saindo vultuosamente daquela névoa densa e chegando como um banho de cores. Um vulto que penetra e atravessa seu corpo. Sem perceber o que está acontecendo, ela misteriosamente passa a fazer parte do corpo do mágico, inacreditavelmente viva e estampada em sua capa.

As pessoas da pequena cidade logo avistaram aquele grande arco-íris que se formara saindo da mata selvagem. Das suas cores surgiu um personagem extremamente estranho usando uma cartola colorida, nas costas vestia uma grande capa vermelha com uma garota viva estampada nela. À medida que ele caminhava, a garota observava a curiosidade das pessoas. Ela movimentava os olhos e a cabeça observando tudo o que estava acontecendo, porém ao vê-la presa àquela capa vermelha as pessoas ficavam estáticas, com medo e assustadas. Na mão esquerda do mágico havia um pequeno rinoceronte. O qual ele usava como um fantoche para atrair o foco da atenção das pessoas.

Seu caminhar era lento. Atencioso e detalhista e com pequenos movimentos do seu rinoceronte fazia tudo que estava a sua volta criar cores. Mesmo as almas que insistiam em viver na escuridão tinham seus momentos coloridos. Os corações das pessoas batiam mais vermelhos deixando a tonalidade da pele muito mais corada. As plantas abriam suas flores com pétalas coloridas e a beleza se fazia presente fazendo em tão pouco espaço de tempo um mundo feliz.

Os habitantes descrentes daquela cidade imaginavam: O que aquele louco estaria fazendo ali? Ignorantes sobre a misteriosa beleza expressada em cores resolveram confrontá-la e destruí-la. Em cada passada o mágico cultivava amor, atrás dele seguiam apressados os escravos do tempo, cegos e incapazes de enxergar tal beleza e em cada passo dado destruíam a expressão bela da arte plantada pelo mágico.

O mágico apontava seu rinoceronte na direção das pessoas e elas imediatamente se assustavam, porém era uma reação momentânea, pois logo eram seduzidos pelo lado belo da vida num mundo cheio de cores. O mágico das cores com seu rinoceronte à frente desafiava o abandono do mundo, não aceitava o desrespeito com a natureza e insistentemente lançava seu arco-íris ao céu para que as cores não fossem esquecidas.

Da capa a menina poesia observava tudo e se indignava com a atitude destrutiva dos escravos do tempo cegos para a arte e incapazes de ver cores. Eles seguem destruindo toda a magia da poesia e caminham mais rápido que o mágico apagando suas cores.

Os raios solares ardentes sinalizavam que era a hora de partir e salvar o mágico daquela doença sem cura. A menina apaixonada por versos agora também era apaixonada pelas cores e se sentia incapaz, já que tinha apenas palavras como armas.

Aos olhares de todos. As cores foram perdendo a força e clareando, pouco a pouco ficando transparentes. O mágico já não tinha as pernas para andar, logo não tinha as mãos para colorir, junto com o seu rinoceronte e com sua capa vermelha pulsando amor pelas batidas do coração da menina poesia foi levado de volta para o seu ninho, que ficava ao pé da grande cachoeira escondida no meio da mata nativa. Inesperadamente uma grande quantidade de água caiu sobre a menina de cabelos longos, que já não estava mais estampada na capa do mágico e sim sobre um pequeno rochedo liso. Não conseguindo se equilibrar, ela foi lançada ao lago de águas frias.

Ela olhou ao pé da grande cachoeira, onde as águas encontram o solo e havia um arco-íris em circulo parecendo cansado e dormindo, por isso a menina saiu em silêncio, levando o segredo com ela e certa de que não adiantaria mostrar a grande cachoeira ao mundo, pois nem todos teriam capacidade de ver sua beleza, o que faria os cegos da arte não verem sentido de preservação e começarem a destruí-la.

Zzipperr
Paulo Ribeiro de Alvarenga

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