
domingo, 12 de junho de 2011
Luar selvagem
Luar selvagem
A noite fria faz a minha pele arrepiar e a limitação do campo de visão desestabiliza a sensação de segurança, desta maneira temos a impressão de que alguém está nos seguindo e vai nos atacar a qualquer momento. O pior é nunca temos a certeza se o ataque será desse mundo ou do além, pois são criaturas que se aproveitam da escuridão para praticar o mal.
A noite clara trás uma grande lua prateada e essa sensação de medo me faz subir em uma árvore permanecendo quietinho em um galho, do qual consigo avistar a rua de terra sendo engolida pela escuridão densa da mata que me assusta fazendo barulho com o sopro do vento.
Os poderes da lua penetram na mata transformando tudo. Chegou à hora dos predadores saírem para a caça e essa insegurança me deixa em pânico. Mas quem é a presa? Nessa mata escura todos nos transformamos em presa! Cuidado!
A lua maldita lança seus raios em mim e meu corpo começa a arrepiar me transformando em lobo. Finco as garras na árvore e foco meu olhar selvagem na rua de terra à espera de uma vítima, meus olhos vermelhos parecem dois focos de fogo na escuridão e foi nesse momento que ela passou rapidamente como uma gata pela rua e sumiu na mata.
Saltei do galho e fui atrás dela, porém mesmo naquele negrume sombras passavam cruzando o meu caminho. Eu não conseguia definir se eram sombras das nuvens refletidas pela luz da lua ou uma emboscada espreitando a trilha de terra à espera de uma caça.
Num jogo de paciência permaneci estático apenas observando o movimento da mata e num piscar de olhos percebi a gata sair em disparada do seu ponto de camuflagem correndo rua de terra abaixo, logo atrás havia uma sombra a seguindo enquanto eu farejava no ar o cheiro gostoso dela, atento aos movimentos continuei atrás deles, mas mantendo uma distância segura com medo de ser uma arapuca tramada para me capturar.
A escuridão tem o dom de fazer os ponteiros do tempo caminhar lentamente em nossa percepção, com isso as noites parecem mais longas e o cansaço abraça o nosso corpo com braços fortes e quanto mais lutamos contra o sono piores ficam nossos reflexos.
Rapidamente a perdi de vista no meio daquela cortina de neblina misturada com a escuridão. A minha respiração ofegante e cansada diminuía o foco da minha visão e o vento forte e gelado apenas contribuía para atrapalhar a direção a ser tomada. Tanto tempo de perseguição e a noite começou a perder suas forças, assim pude avistar seu esconderijo.
Amanhecia e eu entrava no esconderijo da gata, já me encontrava frente a frente com ela e o dia clareava. Com os olhos fixos em mim ela se aproximou, tocou suas garras em meu rosto e chegou bem próxima da minha boca, eu sentia a sua respiração quente como se aquele lugar fosse o esconderijo do amor, porém eu teria chegado tarde demais.
As gotas de sereno começaram a cair sobre o meu corpo funcionando como antídoto imediato contra minha magia, onde pingava e escorria as gotas o mundo paralelo perdia suas forças dando lugar ao mundo real e a forma humana reaparecia imediatamente. Eu apenas ouvia o som de sinos do lado de fora da gruta, nesse momento confuso apenas a vi correr rua de terra acima e sumir na mata dos sonhos.
Saí da gruta e encontrei uma vaca tranquila em sua caminhada do lado de fora. Ela parecia nem dar atenção ao ocorrido naquele lugar, abracei o lindo animal e caminhei com ele na estrada de terra escutando o tocar do sino amarrado em seu pescoço...Tilim...tilim...tilim...tilim.....
Tem alguma coisa oculta nessa mata, pois havia uma sombra seguindo a gata. Essa conclusão me deixou aflito e com medo sentindo que alguma coisa estava escondida e nos observando. Fiquei com medo. Senti meu corpo arrepiar e falei:
- Melhor sairmos rápido dessa mata....
Zip...Zip...Zip...ZzipperR
Paulo Ribeiro de Alvarenga
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aiaiaiai
ResponderExcluirque arrepio
beijos com amor
vestiamor